"Independência ou morte!"Nada melhor que começar com uma grande frase de efeito, ou, melhor ainda, uma frase histórica de efeito! Uma frase que, em sua totalidade, é utópica. Mal sabia Dom Pedro, do alto de seu jegue, burrico, jumento,
mula, ou qualquer que fosse seu equino no momento, que sua frase era
a própria utopia. Explico.
A frase em si é utópica, a nossa visão sobre a cena é utópica, o ideal de liberdade e independência também é utópico, e, além disto, como toda boa utopia, não deu totalmente certo e se estagnou em nossa memória como o quê!? Uma grande utopia.
Ela mesmo, a utopia, aquela ridicularizada pelos realistas, ignorada pelos mundanos, aceita pelos comuns (desde que dê resultados), aplaudida pelos revolucionários, e entronizada pelos sonhadores.
Difícil escrever sobre tal tema sem ser parcial, já que eu mesmo sou utópico, e adianto que não gosto da idéia de tudo permanecer como é, e é a utopia que faz as coisas se movimentarem.
Quanta coisa não teria estagnado se não fosse a idéia "maluca" de alguém?
Quem sabe se o homem tivesse se conformado com o fato de não ter asas ou nadadeiras teríamos máquinas tão incríveis de locomoção pelos ares e mares.
Se Niemeyer não tivesse se aliado à utopia comunista, quem sabe se teria feito obras tão belas e pendurado no mundo?
Aí está a beleza da utopia. É como se lançar às cegas sobre um abismo nunca antes explorado, tentando alcançar a solução para algo que jamais havia sido colocado em prática daquela maneira, e isto é mais que um devaneio, um egoísmo, uma luxúria, é como se comprometer com uma idéia de tal modo que nada feito antes faça mais sentido, mesmo que, uma vez aplicada, resulte no desastre mais absurdo e absoluto. E quem renega a utopia renega a poesia, a música, a pintura, a arquitetura, renega o amor, já que nenhum destes sobrevive ou sobreviverá sem a utopia. Poesia sem utopia é prosa, música sem ela é som, pintura se faz tela, escultura um objeto, arquitetura é engenharia, e amor, vira casamento arranjado.
Sem ela não há avanço, não há tecnologia, e, pra não acabar com o clima de exaltação absoluta, encerro, claro, com outra frase de efeito, como a outra, com os mesmos defeitos, e que resume a própria utopia:
"Viva a revolução!"